sexta-feira, 16 de novembro de 2007

História do jornalismo no Brasil


Jornalismo no Brasil, desenvolvimento das publicações periódicas (jornais, diários e revistas) no Brasil, do final do século XIX aos nossos dias. O primeiro jornal (ver Jornalismo) foi o Correio Brasiliense de Hipólito José da Costa, editado em Londres e de linha ideológica a favor da independência. A ele se seguiram A Gazeta do Rio de Janeiro, O Patriota e A Oratória e A Retórica, outros também de circulação nacional e expressão verbal. "Enquanto não houve uma legislação específica, a imprensa foi livre. Foi um período de ouro. A imprensa disse o que quis e até disse demais, foi até licenciosa em algumas ocasiões. D. Pedro, com aquele espírito superior de não dar bola para nada, nada fez. E foi aí que surgiram os grandes jornais, a grande literatura brasileira inspirada no jornalismo", afirma o jornalista Alberto Dines. As crônicas e charges de Aparício Torelli, o barão de Itararé, comprovam esta afirmação.
Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, foi criada a Imprensa Régia e a censura prévia de expressão verbal e oratória. Entre 1808 e 1821 surgiram várias publicações, entre eles A Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso no Brasil. Em 1812, na Bahia, nasceu a primeira revista brasileira, As Variedades. Em 1821, extinta a censura prévia, multiplicaram-se os orgãos de comunicação. Em 1827, o Brasil já tinha 54 periódicos, sendo de se falar em público.
Durante o reinado de D. Pedro II, apareceu O Jornal do Commércio e o uso da caricatura com fins de sátira política, como o medo de falar em público, principalmente em O Diabo Coxo. A campanha abolicionista contou A Gazeta da Tarde editada por José do Patrocínio (1880). Nas duas primeiras décadas do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, então capital da república, viu nascer o primeiro clichê a cores Gazeta de Notícias (1907), seguida de jornais que marcaram a história brasileira: O Globo, Jornal do Brasil e Correio da Manhã. Entre 1950 e 1960, a imprensa se modernizou com a época de ouro da revista O Cruzeiro, que chegava a vender mais de um milhão de exemplares semanalmente; a inauguração do jornal Última Hora; e o lançamento de revistas que prestigiavam o foto-jornalismo como Realidade e Manchete.
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Na história da imprensa brasileira exerceram papel de destaque os jornais O Liberal de Belém; Estado de São Paulo e Folha de São Paulo; e o Diário de Pernambuco, de Recife.
Expansão do jornalismo
Mudanças estruturais - entre elas, o início da industrialização e o aumento do processo migratório - influeciaram na expansão do jornalismo. Agitações políticas provocam, em 1954, o suicídio de Getúlio Vargas e, em 1964, um movimento militar.
Os Atos Institucionais dos governos militares pós-64 modificaram a situação do jornalismo e da livre veiculação de idéias o que gerou medo de falar em público. A uma legislação coercitiva - Lei de Imprensa de 9 de fevereiro de 1967 e Lei de Segurança Nacional de 13 de março de 1967 - somaram-se transformações ligadas ao desenvolvimento da indústria cultural e meios de comunicação, sobretudo, na televisão, impedindo a expressão verbal e a oratória.
A progressiva penetração dos meios de comunicação de massa - além de sua utilização como fonte de informação à todas as camadas sociais -, evidenciou-se no quadro que, em 1971, configurava a distribuição percentual dos canais de comunicação coletiva: havia 6,6% receptores de rádio, 5,3% jornais diários e 2,4% televisores para cada cem habitantes. Quadro que se alteraria, nas décadas seguintes, dando maior peso aos meios eletrônicos.
Esta, e outras mudanças de conjuntura, levariam a igual transformação no estilo brasileiro de informação. Influenciados pelo jornalismo norte-americano, os profissionais de imprensa passam a discutir não só o que é notícia mas, também, a maneira de veiculá-la. É desta época, o lead e seus cinco "W" e um "H" que deveria iniciar qualquer matéria para não deixar dúvidas no leitor: who (quem), what (o que), when (quando), where (onde), why (porque) e how (como). Oratória e retórica também. O que fez Nelson Werneck Sodré comentar: "Utilizando aplicadamente tal técnica, todo foca (jornalista iniciante) transforma qualquer problema social em fatos isolados que se repetem e cujas raízes ficam apagadas sob os detalhes específicos de cada historieta". Entre 1968 e 1972 os jornais brasileiros entram na fase da "nota oficial" e do pres-release que, muitas vezes, pela dificuldade de se obter informações, ficavam sendo a única fonte de noticia da qual disponham os profissionais de imprensa, que nem sempre sabem como falar em público . Aliás, pouquíssimos sabem.
Também a concessão de canais de rádio e televisão colocou em xeque o jornalismo informativo tradicional, levando os editores a criar novas formas editoriais. É o caso do jornalismo opinativo. Surgido pós-64, dá espaço, além de noticiar à opinião e análise. Esta atitude contribuiu para formar a opinião pública e foi importante para o jornalismo de resistência que desaguaria no jornalismo independente ou alternativo.
Imprensa alternativa
Ação da política
No final do século XIX e início do século XX - influenciados por anarquistas italianos vindos para São Paulo -, surgiu a imprensa operária ligada à urbanização crescente e, sobretudo, à militância política do operariado nascente. O jornal alternativo passou a ter importância como fator de organização política. Esta experiência acabou durante o Estado Novo.
No primeiro período do governo de Getúlio Vargas (1937-1945), a imprensa, de maneira geral, esteve sob censura. A constituição de 10 de novembro de 1937 explicitava sua preocupação em "assegurar à nação sua unidade e as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem-estar e a sua prosperidade" e, no Artigo 122, limitava a liberdade de informação. O Departamento Oficial de Propaganda (DOP), criado por Vargas em 1931, foi substituído pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que ampliava os poderes do anterior. Orgãos de imprensa não registrados no DIP não tinham permissão para circular. Assim, neste período, 61 jornais e revistas independentes tiveram sua publicação interrompida por haver sido cassada sua licença para importação de papel. A partir de 1940, 420 jornais e 346 revistas não obtiveram registro.
Com a constituição de 1946, a liberdade de imprensa foi restituída. Em 12 de novembro de 1953 sancionou-se uma nova Lei da Imprensa que favoreceu uma época politicamente agitada, mas com direito a livre debate público. Em 1955, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrava, no país, a circulação de 2.961 publicações, abrangendo jornais diários (261), revistas, semanários, boletins, almanaques e outros. Refletindo a estratificação social e as desigualdades de distribuição de renda, os estados com maior número de publicações eram São Paulo, Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro), Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Margem e Contracultura
A imprensa chamada "nanica" - devido a seu formato tablóide, pequena rentabilidade e circulação - surgiu com o jornal Binômio, de Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1952. Durante os governos militares, esta imprensa demonstrou sua força e importância, sem medo de falar em público. Com duração variável - e tendo como bandeira a luta contra a censura - surgiram Pato macho (1971), Opinião (1972), De Fato, Versus, Movimento e Coojornal (todos de 1975). A eles se deve acrescentar publicações como a revista Realidade (1965 a 1968), Politika, Grilo e Jornalivro, ligado à Cúria metropolitana de São Paulo e dirigido por D. Paulo Evaristo Arns (1975), e o de maior repercurssão, O Pasquim (1969), fundado no Rio de Janeiro por, entre outros, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Jaguar e Tarso de Castro e onde trabalharam os mais importantes jornalistas brasileiros em termos de expressão verbal.
Além do evidente valor político a oratoria - o Pasquim chegou a atingir a marca de quase 200 mil exemplares vendidos -, a imprensa alternativa, como assinalou Paulo Marconi em "A censura política na imprensa brasileira" (SP-1980), "chamou aos brios o empresariado nacional; contestou o regime, não tanto com a ideologia, mas com a informação (…) mostrou às outras camadas políticas ativas da população - estudantes, igreja, sociedades de bairro - que jornal era coisa fácil de ser feita".
Por volta de 1975 havia no país uma centena de publicações alternativas. A censura se acirrava e, em 1970, vetou 47,05% do material produzido. Em 1971, 63,46%; em 1972 chegou a 82,77%; em 1973 vai a 98,10% e em 1974 atingiu o rigor absoluto: 100%. Contrastando com esta pressão sobre a imprensa, o rádio e a televisão se expandiam. Em 1980 existiam no país 90 emissoras de televisão, atingindo 15 milhões de aparelhos e um público estimado em 60 milhões - número que vai crescer e multiplicar-se cada vez mais, enquanto as tiragens máximas dos jornais caem para perto de cem mil exemplares de oratoria.

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